- Que razões e motivações estiveram na base desta fusão?
Na verdade, a fusão entre a POLO e a Fibo acaba por ser uma consequência natural para ambas as empresas já que têm uma relação umbilical por via da sua estrutura acionista.
Por outro lado, do ponto de vista dos produtos e serviços, a complementaridade é total. A POLO com 55 anos de experiência e know-how na produção de lentes oftálmicas de qualidade, com enorme reconhecimento internacional pelo rigor, exigência e a melhoria contínua dos seus produtos. A FIBO, que soma já 14 anos de existência, é um parceiro ativo na construção de soluções dinâmicas do retalho óptico português e mais valias ao cliente final. Uma maior integração entre estas duas realidades vai permitir novas dinâmicas de trabalho, de inovação no portfólio e no desenvolvimento do negócio dos ópticos, compreendendo e antecipando hábitos de compra e expectativas.
Em suma, a fusão traduzir-se-á numa nova marca e empresa POLO mais forte, mais ágil, mais próxima e sempre 100% portuguesa. Tudo baseado na confiança mútua de duas empresas que encontraram caminho para ganhar superioridade no mercado e melhorando a actuação juntos dos seus colaboradores.
- Que mudanças se vão sentir no modelo de organização e funcionamento internos?
Podemos separar esta questão em dois pontos distintos: o primeiro de uma forma mais administrativa, legal, digital e processual, que vão facilitar os processos internos e as relações com os nossos clientes. O segundo ponto está relacionado com o ADN dos nossos colaboradores, contamos com uma diferença significativa: queremos tornar as equipas mais próximas, focadas e especialistas. A equipa que gere as relações com o mercado nacional (óticas, técnicos, etc.) vai ter mais oportunidade de “beber” do imenso know-how de fábrica, matérias-primas, inovação e desenvolvimento, enquanto a equipa da fábrica e de inovação vai estar mais ligada às necessidades do dia-a-dia do ótico e no desenvolvimento de procedimentos e competências de mercado. Na verdade, vão deixar de ser duas equipas e passar a ser apenas uma.
Consideramos essencial essa aproximação entre os dois mundos para tornar a marca única, consistente e de confiança tanto para quem a comercializa como para o cliente final que a usa.
- A Fibo era uma marca mais direcionada para o mercado português, ainda que a Polo seja mais antiga em território nacional. Virá uma nova marca desta fusão? Como se pretende diferenciar?
Sim, como resultado desta fusão vamos apresentar uma marca que virá afirmar e reforçar a qualidade da produção e inovação portuguesa no panorama da indústria óptica nacional e internacional.
Sabemos que a história da POLO está inteiramente ligada à fábrica em Vila Real, que conseguiu elevar a notoriedade e qualidade da indústria nacional de óptica no panorama internacional, promovendo a Visão Portuguesa além-fronteiras. Já a Fibo vai ajudar-nos a trazer esta Visão Portuguesa para dentro, mostrando que falamos de quase 70 anos de conhecimento contínuo. E conhecimento gera confiança. A nova marca será tudo isso: Confiança e Proximidade, Qualidade e Agilidade, Inovação e Tecnologia.
- As marcas Polo e Fibo foram sempre marcas pouco orientadas para o cliente final, focando-se praticamente em exclusivo no cliente profissional. Essa estratégia será para manter?
O cliente final foi sempre um elemento essencial na nossa atividade. Só mantendo o cliente final satisfeito podemos manter o óptico satisfeito. Ainda assim, é um facto que a POLO e a FIBO estiveram sempre mais focadas no óptico.
Mas hoje em dia vivemos uma realidade diferente do passado, onde o cliente final é cada vez mais informado e interessa-se pelo ADN de qualquer marca, que escolhe no seu processo de compra, que se identifica nos seus valores, que olha pela sustentabilidade do planeta, etc., pelo que nós não vamos estar ausentes dessa sua necessidade e interesse. Iremos sim, portanto, trabalhar numa perspetiva mais partilhada e integrada, no chamado “foco B2B2C”, respeitando os canais e as mensagens de cada ótico para cada um dos clientes finais.
Contudo, o principal mantém-se: continuaremos a produzir e fazer chegar lentes e soluções oftálmicas, através da mais avançada tecnologia, com a melhor qualidade e sofisticação, assegurando a confiança de sempre numa visão perfeita e numa saúde visual cuidada. Uma confiança que se vê, seja no cliente final, seja nos parceiros, nos colaboradores e na nossa comunidade.
- Como avaliam o momento que a indústria e o mercado português atravessam? Nesse contexto, como vai encaixar a nova marca que sai da fusão?
Sendo a única empresa 100% nacional na indústria óptica, observamos com uma sensibilidade mais apurada o impacto e pressão que geram no mercado Português as grandes marcas internacionais. Acreditamos que o nosso mercado está não só saturado por ter tantos agentes internacionais, que pouco ou nada se distinguem entre si, como, pela sua dimensão e poderio que asfixiam e retiram autonomia aos óticos nacionais. A actual concentração no mercado, quer horizontal (com vários laboratórios nas mesmas mãos) e vertical (equipamentos fabris, lentes, armações e lojas de retalho nos mesmos donos) têm já consequências na falta de autonomia da decisão dos ópticos. Isto é motivo de forte preocupação. Esperamos liderar esta sensibilização e construção do futuro mercado óptico Português.
Por outro lado há uma vertente que nos apaixona: o mercado óptico em Portugal é (ainda) extremamente tradicional e relacional. E é aí que queremos estar e atuar, de uma forma que reflete os nossos valores e princípios; pela longevidade das nossas relações e pela construção de valor conjunto com os nossos clientes, e os clientes destes, quer em funcionalidades, conveniência e tecnologia.
Só pela construção de valor conjunto ao cliente final, se consegue construir segurança nas relações. Esta segurança gera confiança para continuar a inovar na qualidade do produto, na indústria portuguesa, na valorização do nosso óptico e da nossa equipa. É com base nessa confiança mútua, que esta fusão da POLO vai reafirmar o seu espaço e desenvolvimento no mercado.